Preconceito contra mulheres persiste no Brasil, segundo pesquisa da ONU

Discriminação de Gênero: Uma Luta Diária para as Mulheres Brasileiras

O preconceito contra as mulheres é uma realidade presente na vida da maioria dos brasileiros, de acordo com um relatório recente do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). A pesquisa, divulgada em 12 de junho, revela que 84,5% dos brasileiros e brasileiras carregam algum tipo de preconceito contra as mulheres, refletido em atitudes que variam desde a desconfiança sobre a capacidade de trabalho das mulheres, desconfiança em sua atuação política, até a relativização da violência física.

O estudo, que entrevistou pessoas em 80 países, mostrou que o Brasil tem índices de preconceito semelhantes aos de nações como Guatemala, Bielorússia, Romênia, Eslováquia, Trinidad, Tobago, México e Chile. O lado positivo é que houve um aumento, embora pequeno, no percentual de brasileiros sem preconceitos contra mulheres – de 10,5% em 2012 para 15,5% atualmente.

Os dados da pesquisa apontam que 75,56% dos homens brasileiros e 75,79% das mulheres carregam preconceitos relacionados à violência íntima ou ao direito das mulheres de decidirem se terão filhos ou não. Quase 40% dos entrevistados acreditam que as mulheres não são tão boas quanto os homens na política e que as mulheres têm menos direitos do que os homens. Além disso, 9,59% dos entrevistados consideram que a educação universitária é mais importante para os homens do que para as mulheres.

A secretária das Mulheres da Central Única dos Trabalhadores (CUT) Nacional, Junéia Batista, comentou o resultado da pesquisa. Ela não se disse surpresa, já que enfrenta preconceitos semelhantes diariamente como feminista e ativista do movimento sindical e político. Batista enfatizou a importância do diálogo entre as mulheres para combater a reprodução dessas atitudes preconceituosas.

Ela também destacou o papel da política na perpetuação desses preconceitos, citando o impeachment da ex-presidenta Dilma Rousseff como um exemplo de ato machista. Além disso, Batista lembrou que as mulheres ainda são minoria no Congresso Nacional e enfrentam retaliações, principalmente as parlamentares do campo progressista.

Junéia Batista também discutiu o preconceito no mundo do trabalho. Ela afirmou que, apesar de as mulheres terem conquistado mais oportunidades nos últimos anos, ainda há falta de paridade nos cargos de liderança.

Segundo Batista, a igualdade de direitos entre homens e mulheres ainda está muito distante, e levará pelo menos 350 anos para ser alcançada. No entanto, ela acredita que a mudança é possível e citou como exemplo a Argentina, onde o movimento “nenhuma a menos” foi iniciado após o assassinato de uma mulher.

Em suas palavras finais, Batista enfatizou a necessidade de manter um olhar atento aos extremismos do mundo e de empoderar as mulheres. Ela acredita que a

ONU Mulher pode ajudar a levar essa discussão além da Convenção 190, que lida com o assédio no trabalho.

Com Informações da CUT

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