SETEMBRO AMARELO: MÊS DE ESCUTA, ACOLHIMENTO E VALORIZAÇÃO DA VIDA

Saúde mental na PPGE: o alerta que vem do silêncio

No Distrito Federal, o cotidiano de quem trabalha nos bastidores da educação pública carrega mais do que planilhas, pareceres e rotinas administrativas. Entre prazos apertados, metas difíceis e falta de reconhecimento, cresce, de forma silenciosa, o número de profissionais da carreira PPGE adoecidos emocionalmente.

A saúde mental, ainda cercada de estigmas, virou tema central nas escolas, nas coordenações regionais e nos gabinetes. No entanto, quando se trata dos técnicos, analistas e gestores da política educacional, o debate permanece restrito e, muitas vezes, invisível.

O Setembro Amarelo reforça a urgência de quebrar esse silêncio.

Dados que falam

Estudos recentes mostram que o Brasil vive uma epidemia silenciosa. Cerca de 15,5% da população adulta enfrenta depressão ao longo da vida. O país também lidera o ranking mundial de ansiedade, com 9,3% da população afetada, segundo a Organização Mundial da Saúde.

Na educação pública, o cenário é ainda mais preocupante. Entre 2019 e 2022, mais de 14 mil afastamentos por transtornos mentais foram registrados entre profissionais da rede pública de ensino. Em apenas quatro meses de 2023, quase 2 mil novos casos foram notificados.

No DF, a realidade não é diferente. Uma pesquisa de 2021, conduzida por Carolinne Teodoro Cruz e Sofia Santos de Lima, no Centro Universitário de Brasília (UniCEUB), revelou que dois em cada três profissionais da educação da rede pública apresentaram sintomas de depressão e ansiedade. Os dados confirmam o que muitos já sentem na pele: a sobrecarga, a pressão constante e a ausência de políticas efetivas de cuidado cobram um preço alto.

A carreira que sustenta a escola

A PPGE é formada por profissionais que atuam na base da gestão educacional. São eles que garantem o funcionamento das escolas, o apoio aos gestores, o cumprimento das normas, o planejamento operacional e administrativo.

Sem plano de carreira efetivo, com baixa remuneração e reconhecimento insuficiente, muitos lidam com jornadas exaustivas e ambientes de trabalho adoecedores. A ausência de canais institucionais de escuta e acolhimento agrava ainda mais o quadro.

O que está sendo feito

Em julho deste ano, o GDF lançou a primeira Política Estadual de Saúde Mental no Trabalho para servidores públicos. A iniciativa prevê ações de prevenção, acolhimento e promoção de bem-estar nas repartições. Ainda assim, faltam diretrizes específicas para a realidade dos profissionais da educação, especialmente da carreira PPGE.

O SAE-DF acompanha de perto a implementação da política e cobra que as medidas não fiquem no papel. A entidade defende que o cuidado com a saúde mental seja parte do conjunto de direitos dos trabalhadores da educação, ao lado de salários justos, formação continuada e condições adequadas de trabalho.

O que podemos fazer agora

A prevenção do suicídio começa pelo reconhecimento do sofrimento. Falar sobre saúde mental não é fraqueza, é coragem. E ouvir quem sofre é um ato de solidariedade.

Durante todo o mês de setembro, o SAE-DF reforça o chamado à escuta e ao cuidado mútuo. A luta por valorização também passa por ambientes de trabalho mais humanos, onde cada servidor se sinta respeitado, protegido e amparado.

Se precisar, peça ajuda. Se puder, ofereça apoio. Todos temos um papel na defesa da vida.

O SAE-DF também mantém canais abertos para denúncias e pedidos de apoio: ouvidoria@saedf.org.br e WhatsApp (61) 99598-7931.

Ligue: 188

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