Sindicalistas repudiam golpe contra trabalhadores no Distrito Federal

Quase que concomitantemente, os governos federal e do DF anunciaram medidas drásticas de ajuste de suas contas, que envolvem calotes nos servidores, cortes de investimentos, elevação ou recriação de impostos para cobrir o déficit de caixa, prejudicando assalariados e produtores agrícolas. São medidas neoliberais, conservadoras, que acirram a recessão e o retrocesso.

Os Ministérios da Fazenda e do Planejamento anunciaram conjuntamente:

adiamento do reajuste dos servidores, suspensão de concursos, eliminação do abono de permanência dos servidores, implementação do teto remuneratório do serviço público, redução do gasto com custeio administrativo, mudança nas fontes fonte do PAC – Minha Casa Minha Vida, cumprimento do gasto constitucional com Saúde, revisão da estimativa de gasto com subvenção agrícola, volta do CPMF com alíquota de 0,2% sobre movimentações financeiras e taxação (com alíquotas de 15% a 30%) sobre ganhos com venda de terrenos e imóveis acima de R$ 1 milhão.

O governador Rollemberg, por sua vez, chamou dirigentes sindicais separadamente, desrespeitando organizações e fóruns coletivos dos trabalhadores, para informar que o GDF não vai pagar os reajustes salariais ao funcionalismo a partir de setembro. Segundo declarações dadas à imprensa, os aumentos serão suspensos neste ano e passarão a valer apenas a partir de 2016. A medida atinge 32 categorias profissionais.
Reação firme do movimento sindical

A Condsef, confederação que reúne os sindicatos dos servidores do Executivo federal, reagiu imediatamente. Em seu site, a direção da Condsef registrou:
“É inadmissível que o governo continue a adotar medidas e impor à população a agenda política que foi derrotada nas urnas.O projeto que mereceu a confiança da maioria dos eleitores não previa o retrocesso bárbaro que virá como resultado dessa prática de ajustes que penaliza apenas a classe trabalhadora. Enquanto privilegiar a política que garante superávit primário para o pagamento de juros de uma dívida pública que consome quase metade de todo o orçamento da União, o Brasil jamais vai conseguir se consolidar como país econômica e socialmente desenvolvido. É impossível tolerar que só apontem soluções para a crise penalizando a classe trabalhadora.

Mais uma vez os servidores são tratados pelo governo como vilões da economia e é imposta à categoria a responsabilidade por gastos que precisam ser “enxugados”. Há mais de duas décadas os investimentos com servidores públicos estão mais que controlados pela Lei de Responsabilidade Fiscal, portanto, servidores jamais poderiam ser apontados como responsáveis por qualquer “inchaço”. Ao contrário, faltam investimentos adequados no setor e sobram problemas que se refletem no atendimento precário a uma população carente de serviços públicos.

O governo precisa parar de usar os servidores como válvula de escape para uma incompetência de gestão administrativa que afeta justamente os setores que atendem diretamente a população. Se a população paga impostos – um dos mais altos do mundo – para receber serviços públicos de qualidade é estranho que os setores que mais são penalizados sempre sejam justamente esses que precisam de investimento para fazer com que o Estado cumpra o que prevê a Constituição.

Haverá revolta enquanto o governo continuar aumentando impostos e diminuindo serviços públicos. Não há popularidade que resista a essa equação. Ou o governo adota políticas e apresenta soluções compatíveis com o projeto para o qual foi reconduzido pelas urnas, ou perderá cada vez mais apoio daqueles que ainda acreditam que é possível seguir avançando nas políticas públicas. Os esforços devem todos seguir na direção da garantia de justiça social a uma maioria historicamente penalizada e que está cada vez mais cansada e frustrada, esperando uma correção de rumos que não vem.”

Fonte: CUT

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