MULHERES NEGRAS, REPARAÇÃO E BEM VIVER: O QUE A MARCHA DE 25 DE NOVEMBRO TEM A DIZER AO FUNCIONALISMO DO DF
A Marcha das Mulheres Negras retorna a Brasília 10 anos depois e inspira reflexões sobre igualdade, reparação e dignidade

Dez anos depois da histórica Marcha das Mulheres Negras de 2015, Brasília volta a ser o centro de uma mobilização nacional que clama por reparação, justiça e bem viver. No dia 25 de novembro, militantes de todo o país e de mais de 30 países ocupam a Esplanada dos Ministérios com uma pauta urgente: enfrentar o racismo estrutural, a violência de gênero e a desigualdade que ainda marcam a vida de milhões de brasileiras negras.
A mobilização ecoa num cenário preocupante. Segundo dados divulgados pela CUT-DF, o país registrou 1.450 feminicídios em 2024, um aumento de 12% em relação ao ano anterior. Desse total, 60,4% das vítimas adultas eram mulheres pretas ou pardas. No Distrito Federal, 77% das mulheres assassinadas entre 2024 e 2025 também pertencem a esse grupo.
O QUE A MARCHA TEM A VER COM A CARREIRA PPGE
Pode parecer, à primeira vista, que essa marcha é uma pauta distante da atuação cotidiana dos profissionais da carreira Políticas Públicas e Gestão Educacional (PPGE). Mas basta olhar com atenção para perceber o contrário.
Mulheres negras são maioria nas escolas, nos serviços de apoio, nos quadros técnicos e administrativos da rede pública de ensino. São elas que enfrentam jornadas duplas e triplas, que acumulam funções não reconhecidas, que lidam com as maiores vulnerabilidades dentro e fora do ambiente de trabalho. Muitas vezes, são servidoras que cuidam de outras mulheres em situação de violência, sem terem garantias plenas de segurança e proteção para si.
Reparar essas desigualdades significa, também, discutir reestruturação com perspectiva de raça e gênero, combater o assédio institucional, garantir concursos públicos justos e ampliar políticas de cuidado e valorização.
BEM VIVER É TAMBÉM POLÍTICA EDUCACIONAL
O conceito de “bem viver”, fortalecido pela marcha, propõe mais que sobrevivência: exige dignidade, reconhecimento e acesso efetivo a direitos. Isso inclui políticas públicas que assegurem tempo para viver, saúde mental, acesso à formação, participação política e trabalho digno.
No contexto da PPGE, isso passa por criar ambientes escolares mais humanos, incluir temáticas antirracistas nas formações da EAPE, fortalecer redes de apoio às servidoras e revisar as estruturas de poder dentro das unidades administrativas e escolares. São ações possíveis, concretas, e que precisam estar no radar de quem constrói políticas educacionais.
CONVIDAMOS À REFLEXÃO E À MOBILIZAÇÃO
O SAE-DF reconhece o papel fundamental das mulheres negras na sustentação do serviço público e da educação no Distrito Federal. Por isso, convida sua base para participar da Marcha das Mulheres Negras em Brasília e refletirem sobre o tema nas unidades escolares e proporem ações concretas de valorização e combate às desigualdades no cotidiano da carreira.
A Marcha ocorre em 25 de novembro, na Esplanada dos Ministérios, a partir das 9h.
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