Falta de infraestrutura e de recursos é o maior desafio em sala de aula, aponta pesquisa

Foto: Rovena Rosa – Agência Brasil

O Brasil vive um desmonte na educação pública brasileira com ataques ao Fundeb, falta de recursos e infraestrutura e de investimentos que podem comprometer a educação pública por décadas. Além de ser as maiores queixas de professores e professoras em salas de aulas. Os dados são confirmados pelo levantamento da Moderna, do Grupo Santillana, que aponta que as dificuldades dentro das unidades de ensino variam conforme o ciclo escolar.

De acordo com a pesquisa, apenas no ensino fundamental, 29,54% dos professores apontam a falta de infraestrutura e de recursos como o maior desafio na rede pública. Em segundo lugar, com 19,25% aparece a queixa de falta de suporte familiar, seguido por 18,29%, que indicaram a dificuldades no ensino remoto e adaptação dos materiais à realidade dos alunos.

Para Rosa Margarida Rocha, Coordenadora do Fórum Nacional de Educação Básica (ABPN), existe é um projeto do Estado que se consolida pela ausência de investimento, deixando historicamente na educação as marcas da exclusão e da carência de recursos. Ainda segundo a pesquisa, para os professores do ensino fundamental 2, do 5º ao 9º ano, a falta de interesse do aluno é um desafio para 36,63%.

“O desmonte da educação pública é um projeto que vem se constituindo historicamente ao longo dos anos. Não passamos apenas por uma crise temporária”, diz Rosa Margarida Rocha, que também é coordenadora do Grupo de Estudos Afropedagógicos Sankofa.

Cortes, evasão e esforço da categoria

Além das universidades federais, os cortes de recursos atingem o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE); o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), autarquia responsável pelo Enem; e a Capes, que financia a pesquisa científica no país.

Segundo Rosa Margarida, todo esse processo de desmonte dificulta ou impede o sucesso na aprendizagem dos alunos e colabora com o abandono e a evasão dos estudantes. Isso favorece o adoecimento e a desesperança dos/as profissionais de educação, segundo ela, que reconhece ainda o esforço e o trabalho dos professores e das professoras diante das dificuldades.

“Quando apontamos os problemas da escola pública brasileira, que existem por falta de investimento, sabemos que temos que ser resistência, temos que exigir melhores condições, fazendo o melhor com o que temos, pois precisamos que o filho da classe trabalhadora tenha o direito e acesso a leitura do mundo, para transformar esse mundo”, completa a presidenta do Sindiute de Fortaleza-CE.

Para a sindicalista, a educação pública “precisa de ser universalizada, escola para todos, precisa de investimentos para construí-las, precisa manter as existentes, equipá-las, valorizar os professores com uma carreira atrativa, com formação continuada, sem investimentos é a falência”, afirma Ana Cristina Guilherme.

Adoecimentos

Como mostrou o site da CNTE, além dessas dificuldades que os professores relatam em sala de aula, problemas como ansiedade, depressão e outros problemas relacionados a saúde mental são cada vez mais frequente entre professores/as e alunos/as no país, principalmente com retorno das aulas presenciais, depois de dois anos de pandemia da Covid-19, e problemas na estrutura educacional, que se arrastam bem antes da crise sanitária.

“É urgente e necessário que os poderes constituídos reconheçam que a falta de investimento e de aportes necessários para melhoria da infraestrutura escola”, finaliza Margarida Rocha.

Otimismo

Mesmo enfrentando dificuldades, os professores e as professoras reconhecem pontos positivos de lecionar na rede pública e acreditam que a pandemia resgatou o valor da escola e dos profissionais docentes.

Para 31,67% dos profissionais do Ensino Fundamental transmitir conhecimento é a maior recompensa do trabalho na rede pública. Outros 16,4% indicaram boa empregabilidade e remuneração entre as recompensas.

Para professores do Ensino Fundamental 2, o primeiro lugar dos aspectos positivos também é transmitir conhecimento, no entanto, o percentual é maior: 35,77% dos entrevistados. Na sequência, 19,23% indicam o bom planejamento como positivo e 19,23% destacam a boa empregabilidade e benefícios.

“Não há como negar o protagonismo dos/as professores e de estudiosos na luta por dias melhores na educação. Estes, tem pautado discussões, pontuando questões e colocando seus saberes e fazeres a serviço da educação”, reitera a coordenadora do ABPN.

 

Fonte:  CNTE

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